16.3.09

Mas ainda é março


Eu sei, ainda é março!
Águas que rolam e bossas novas à parte, hoje minha homenagem é ao fogo de abril. Aliás, acho o outono a estação mais linda, romântica e vibrante. Outono é uma estação para quem ama um banco no meio do nada e um pouco de melancolia pra fazer a gente gostar dos fragmentos de lembranças. E é mágico como tudo acontece quando o verão se vai e o peito fica quieto.. O que será de nós em abril?
Um soneto e um cigarro, um casal de velhinhos sorri um sorriso doce e decente para quem ainda tem muito o que descobrir, e o vento, malandro e bonito como é, sai empurrando as folhas, recolhendo os planos secos e fatigados e o amarelo sol que se põe a incinerar em chama ardente tudo o que já devia ter passado até que o inverno chegue em dó maior e depois também adormeça no planeta que gira em torno de um astro amarelo e outonal. E na vida, tudo é mesmo circular, as estações, as paixões, os desejos. Tudo volta exatamente para os braços de onde nasceu. até as folhas um dia adormecem de novo aconchegadas ao seio misterioso da natureza.
Mas no peito uma pergunta ainda suspirava baixinho: o que será de nós em abril?
Na primavera é que as flores se abrem e fica um perfume e uma saudade. Pura saudade de abril. Na minha vida sempre foi assim, esse mês cerceando o limite onde nasce alguma nova e avassaladora paixão.
Mas a coisa toda começou antes mesmo da aurora de ontem, quando eu tentava dormir com essa minha mente que mais parece uma indústria de pensamentos sofisticados, vendidos a preço barato. O sol já queria se levantar e eu não conseguia sequer fechar os olhos! Não tinha porquês aquilo tudo, meu coração palpitava e as pupilas irrequietas rastejavam por um pouco de luz ou beleza em plena madrugada. E eu acabei sonhando sonhos de outros amantes, estive em outros corpos sentindo estranhos perfumes. Seriam essas as grutas outonais dos sonhos?
Não sei... sei que ontem eu quis ser mulher de novo, ser vermelha nos olhos, na boca, quis ser segurada firme por grossas mãos. Onde moram essas mãos além da luz rubra que penetra a paisagem amarela dos meus sonhos?
Ah como eu queria ser sensível de novo, ser pequena, ser bailarina e ser amada...
Por isso hoje fica aqui hoje um poema, um tango e um sopro do vento e neles o desejo de uma grande paixão. quem sabe os anjos dessa vez sintam piedade e recolham essa prece. Quem sabe eles enfim esqueçam meus pecados, esqueçam que amei demais sem ter musa nem amado!

quem sabe tudo mude no fogo transparente que dá na gente
no mês de abril!



acho digno!

(niks)

4 comentários:

Anônimo disse...

Puta que pariu!
Texto lindo de morrer! De se emocionar! De pensar!

o que será de nós em abril, nega ? Que os anjos ouçam essa prece pra nos responder!

amo você!

Anônimo disse...

amore, quando escrevi ele pensei mesmo em vc. esse texto tem a sua textura!

beijos de outono ;*

Jay disse...

Outono são dias de sentar no parque e beber sangria, sem tanto calor.
Apenas o calor dos olhos dos que queimam.
Amo vc, coisa louca.

Wendy Loyola Fernandes disse...

mundo doido. aqui eu estava sentindo a chegada do caio. o meu sol de outono!