27.10.09

uma hipótese e nada mais...


ah, destino.
um conspirador.
e nunca se sabe se contra ou a favor.
prega em mim suas peças e um quebra-cabeça inteiro é formado por elas.

ah, amor.
um traiçoeiro.
perigo, daqueles certeiro!
faz graça e desgraça.
e há quem com ele se importe.
espertos são aqueles que acreditam na bendita sorte!

mas, oh, quanta coincidência!
se parecem.
se completam.
se merecem...

cumplicidade amedrontadora.
o destino tem um pacto com o amor...
.
pops :)

28.9.09

"It ain't me, babe"




não dizer a verdade e perder para sempre...
assumir sentimento e desperdiçar mais muitas oportunidades...
silencio, pra (res)guardar.
fingir, pra ver no que dá!




e se passar ?
não és o primeiro nem o único!








Pops


:)

12.7.09

9° dia


Você acorda e se depara com um lugar vazio. Aquela pessoa que você tanto ama, não mais está lá.

É impressionante o egoísmo que te toma. Você vai pensar em primeira instância: o que eu vou fazer sozinho agora? Como conseguirei levar minha vida sem esse alguém?

Você se percebe sem rumo, pois a parte que te definia foi embora.

O amor é egoísta, só faz pensar em você.

Agora você troca o tênis pelo chinelo sozinho. Come qualquer coisa o dia todo, todos os dias.
Agora você tem tempo livre demais.
Agora não são mais dois copos que se enchem.
Não são mais dois corpos juntos que se deitam.

O amor é egoísmo puro, inoculado de incompreensão. É a felicidade que o outro trouxe. É o que o outro não mais fará por você.

Num momento você é completo. No outro vai ver seu sofrimento rimado num papel.
Saí, fui me procurar.
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By Misha




11.7.09

Reflita







Ei, você aí, tenho algo importante pra lhe dizer.
Reflita: você gosta de perder suas chaves? Obviamente não.
Você fica feliz ao perder um documento? Mas é claro que não, não é mesmo?
Culpa da falta de atenção, da distração, do ladrão, do furo no bolso da calça, do fecho estragado da mochila, do chaveiro que arrebentou.
Azar.Famosa lei de Murphy.
Você vítima.
Preocupada. Indignada. Revoltada.
Mas isso não é nada.

NADA.

Preocupante mesmo é perder alguém.
Você réu confesso.
O que é a raiva e a indignação perto de uma dor no coração?

.
by POPS




26.5.09

"Compro, tenho, logo existo."

Segundo a “teoria do valor-trabalho” descrita em “O CAPITAL”, pelo filósofo Karl Marx, toda e qualquer mercadoria é trocada em proporção ao tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção.

À época, Marx, um dos principais pensadores representantes do século XIX, defendia que o produto do trabalho deve, antes de tudo, responder a algumas necessidades humanas, ou seja, ser útil. Marx chamava-o de valor de uso.

Contrária a esta concepção, Adam Smith, defendia a teoria de que as mercadorias não apenas possuem seu valor de uso, mas também um valor de troca, o qual se assenta na importância atribuída a elas.

Na sociedade contemporânea, a qual estamos inseridos, parece haver um predomínio do segundo valor.

“Compro, logo existo”. Esta parece ser a condição essencial para a lei da sobrevivência. Usar uma calça de marca ou o tênis da moda virou sinônimo de identidade pessoal. O sujeito sente-se engrandecido, inserido na sociedade, fazendo parte de um mundo, onde as pessoas não querem apenas o necessário. Gostam de ostentar o supérfluo.

A publicidade veio ajudar o supérfluo a se impor como necessário. Fala-se de uma obsolescência planejada, segundo a qual, o processo de se tornar obsoleto de um produto é planejado desde a sua concepção, gerando no consumidor, a necessidade de se adquirir um novo produto.

Um produto cria a ilusória e errônea sensação de que, graças a ele, temos mais valor aos olhos alheios. A relação pessoa-mercadoria está invertida; mercadoria-pessoa é o que prevalece agora.

Estamos sendo monitorados pela lei da lógica do consumo. Não mais importa o Ser e sim o Ter. Ter um BMW, uma camisa ou um relógio de marca, é o que nos imprimem valor.

É sob tal condição, que Frei Betto, frade dominicano considerado um dos principais expoentes da Teologia da Libertação, critica a “religião do consumo”. Segundo o sacerdote, o consumismo é a doença da baixa auto-estima, e o pecado original dessa nova “religião” é que, é egoísta; não faz da vida um dom, mas posse.

A tese não carece de lógica. Apenas é uma questão de saber discernir o útil do não-útil e o necessário do não-necessário.

By Misha

12.5.09

O espelho me chamou e eu vi que não era eu "o que" ele refletia. Tentei lavar toda aquela sujeira imunda que eu tinha na cabeça. Tentei enxugar as minhas lágrimas, mas elas me banhavam e ao mesmo tempo não deixaram secar meu cabelo. O travesseiro conheceu o tom do meu choro e depois de cansada adormeci. Foi no dia seguinte, com uma frase ouvida que o sol conheceu meu choro. Desta vez o travesseiro o conheceu em tom mais alto. Depois de me confortar no toque do algoodão decidi me deleitar na xícara do café e no desenho que a fumaça do cigarro desenhava. Nada disso parecia sair de mim. Foi como uma manhã em alfa e saí de casa pra tentar me enxergar em outras pessoas. Mas, elas não me diziam nada, era um vazio só, sem alma. Perdi a noção do tempo e me perdi em mim mesma. Desnorteada pela pulsação acelerada e o cérebro maquinado perambulei sabendo onde iria chegar: a lugar nenhum. Viajei no tumulto das minhas idéias e balbuciei um choro. O dia parecia amanhecer ainda ou a noite não chegar. Comecei a me entreter com o mundo e vi que ele me reconhecia. Apelei e soltei minha voz. Apesar do esforço, ele foi mudo. Quis desnudar a minha pele nua. Encontrei meu erro. Esqueci o meu dia passado sem certos passos. Olhei no espelho e gostei do que vi.

Misha

6.5.09

Lua bonita


Mais uma noite e lá está ela. Linda. Leve. Clara. Digna. Reina absoluta entre outros milhares de suas mini-cópias. Musa inspiradora. Seus silenciosos conselhos têm essência do que há de melhor. E nem lhe peço...Não, não é necessário! Ela sabe. Sabe o que quero, o que penso, o que aspiro e o que respiro. Poderosa acompanhante. Insubstituível. Eu lhe falto, ela perdoa. Eu não a vejo, ela se mostra. Ela faz charme, se esconde. Ela pode. Sai da míngua e se renova. Cresce e aparece. Mais bela. Mais brilhante. Mais forte. Quem lhe fala é o meu amor. Solidão que nada. Estou pra você. Luz pra mim. Energia. Coragem e medo. Pode e impede. Cria e destrói. Acolhe e abandona. Ó poderosa dama de fases. És rainha. Inspiração. Mistério do universo. Perto e distante. Pena. "Deixa São Jorge no seu jubaio amontado e vem cá para o meu lado pra gente viver sem dor", palavras de Raul.
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by POPS
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15.4.09

Óculos

Tinha um cordão marrom e já parecia um artefato vivo, cheio de escamas que contavam minuciosas estórias. Movia-se na esfera atômica sob um céu de nuvens, látex, plástico, cobre ou qualquer que fosse aquela matéria estranha. Era triste, parecia póstumo, plural, aquele objeto morno, esquecido: óculos.

Contava histórias...Tantas histórias suportadas, sorrisos de cílios, dança de sobrancelhas, músculos faciais atentos, suspiros de estagnação e tédio, sol vigorante, e chuva fina de cidade grande, seres móveis, pensantes, bocas sonâmbulas, ósculos apaixonados. Ah, tudo estava contido ali, naqueles óculos morenos de ferrugem.

Objeto vivo, pensante (como saberemos?). Os óculos não falam, são nobres porque sabem guardar segredos, passado, presente e lentes que verão o futuro. Guardavam o mundo refletido em seus espelhos, eram tristes e atados a um cordão de látex coagulado. O cordão era vagabundo, mas os óculos eram sábios... Pareciam árvores do cerrado, eram óculos morenos, para olhos morenos e doíam.

Que mistério guardariam as lentes daqueles óculos, noivos de tantos globos oculares, plasmas e íris pusilânimes que acarinhavam as almas! Córneas úmidas, fluviais, plúmbeas, frágeis de sensações. Os olhos se fecham e as lentes continuam a tudo observar. Lentes e olhos são oráculos, bem sabem que o ser que vive gosta mesmo é da luz parindo no escuro de tudo (para aclarar o breu das almas?). E como era forte o segredo da luz!

Aqueles óculos sabiam as respostas. Aquilo que somos humanos demais para entendermos eles sabiam mudos. As lentes ouviram o destino infeliz de uma Eva inútil, e viram as rodas que esmagaram o verme-estrela em sua hora. Os óculos teriam visto vênus, serpentes, formigas, poros grossos, poeiras, poetas, construções cinzentas, sóis, céus e estrelas. Teriam guiado cavaleiros e suas malas, guerras e suas ideologias furadas, cirandas, faces da roleta viva onde giram mil caras. Aqueles óculos ouviram atentos na taverna, os risos e promessas das bruxas bêbadas e o caderno marrom, apoiado no cimento frio, as lentes conspiraram sobre amor perdido (ou amor achado?) e depois vislumbram taciturnos o mais maldito dos poetas morrendo por tédio da vida, ou por loucura, e a flor de Liz com seu cigarro que queimou para sempre nos olhos que se fecharam para a luz... e depois claricearam todas as coisas.

Os óculos viram Dean e Sal aflitas, embucetadas no pátio dos vagabundos a se perguntarem sobre o passado de uns óculos achados (ou perdidos?)

...e viram a dor líquida da menina que não sabia chorar de alegria...










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À Jana.

31.3.09

Apenas Mais Um Causo do Sertão

Dona Marinha foi espiar a janela com aqueles peitos que eram os maiores do mundo. Queria era contar causo de defunto. época de quaresma não era bom pra isso, bastava a noite vir bisbilhotar o telhado que um medo de nãoseioquê invadia a casa. Ainda mais agora que a casa tava cheia de moças com os hormônios borbulhando e rapazes, todos ruins para casar. Para a neta, ela fazia gosto de um apenas, o bizneto de Seu Canote, lá do chapadão. Seu pai era rapaz bom e entendia de roça, foi criado perto da nascente e desde criança era levado. Mas menino pra ficar bom tem mesmo que ser ativo e curioso sobre tudo. Aquele era! Danava a procurar gias na nascente, vivia se gabando que já tinha pegado mais de 60.Comadre Josefrina é que ralhava. Cheia de supertição aquela velha, gostava de dar palpite em tudo. Deus o livre! Um dia desceu o chapadão numa mula velha só para reclamar com Seu Canote, um velho de pele vermelha grossa e barba farta. Foi lá resmungar que tirar gia da nascente ia acabar secando a água. Seu Canote se riu naquela risada rouca: Hihihi, deixa o menino máde Zefrina, essa terra tem água por demais! Dona zefrina montou a mula velha e foi se embora, retada e praguejando. E não é que depois depois do estio as terras nunca mais ficaram boas? A água foi raleando. Mas a fazenda de seu Canote cresceu, só deus sabe como. Dizem que a tal de tecnologia é que deu jeito. Comadre Zefrina ficou viúva pouco tempo depois, plantava maxixe, milho e abóbora cascuda. Tudo pegou doença e morreu. Ficou na miséria, suas duas moças foram embora para a cidade e nunca mais deram notícia. Dizem que ficou pinel depois, virou bruxa, feiticeira, com os cabelos brancos dando pela cintura. E depois morreu sozinha e secou dentro de casa, nem funeral teve.A casinha está ainda lá em riba da serra. Ninguém foi lá, mas também a velha não deu sossego. Na lua cheia a meninada e até gente grande ficava alerta. Era ouvir coachar de gia e barulho de mula manca, podia saber! Morria menino e gente grande, morria velho ou quem quer que estivesse na reta da bruxa amargurada!
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E naquela noite Dona Marinha se recordou e contou todos esses casos na sala, depois da janta.Veio com isso na cabeça no caminho da missa de quaresma, andando a passos largos com suas pernocas gordas pela praça da igreja.Todo mundo cumprimentava e queria saber como andava o povo da cidade. Ela contava vantagem que estava feliz demais com a visita dos netos,mas a verdade é que estava doida pra semana santa passar logo. Veio rezando o terço, rodando as bolotas de cera e pensando num plano diabólico; Queria fazer medo. Era de levadice de velha mesmo! Lembrava daquelas noites em que dormia suando gelo debaixo da coberta com os irmãos por causa dos casos de Seu tinoco e Comadre Zefrina. Onde já se viu! essas moças de cidade não sabem nem matar frango! Quando vêem os olhinhos pidões agonizar já correm. Até demora mais de morrer o bichinho.,fica agonizando por causa do coração piedoso das moças; Piedoso nada! Lamuriava em pensamentos a Dona Marina enquanto limpava a cloaca defunta e fria do frango recém esguelado, frescura mesmo! Esse povo de cidade quer achar tudo pronto.

Dona Marinha estava inquieta e tinha um nó nas tripas, andava da cozinha para a sala, atravessava o corredor e sentia uma estranheza na sua própria casa. Enxergava os rapazes feito bonecas de porcelana sentadinhas no sofá com seus olhos inertes. Não brilhavam os olhos quando viam terra, nem vaca parida, nem bezerro mamando, nem pé de fruta crescendo nem nada. Gostavam mesmo era do tal do computador. O que será que haveria de ter de tão bom naquela caixinha brilhante e barulhenta? Coisa boa é que não era! Rapaz bacana de casar era mesmo o Bizneto de Seu Canote. Tinha ido estudar veterinária na cidade e andava com chapelão que capengava, lembrava até o finado Tinheiro quando era vivo. Bonito e viçoso que só! Ela disse às netas, vocês precisam de conhecer o Luizinho! Mas que nada. Ninguém dava ouvidos à velha. Ela se sentia uma relíquia daqueles matos, guardando estórias e passado que nunca se iam. Desde que Tinheiro havia batido as botas ela tinha se tornado sozinha, naquela casa, falando com visinhas e com os telhados, chorando de saudades dos tempos antigos, namoro de mão, vestido de renda, respeito com os mais velhos, cortejo e benção. Era tomada de um dor no peito quando pensava que aquilo tudo, o barulho bom dos bichos tilintrando na noite havia mesmo passado e ela... Ah ela era uma velha e todos aguardavam para que morresse já que ela não cabia no mais nesse mundo cheio de metais e coisas que se resolvem sozinhas . Dona marina estava triste por dentro e não sabia parar ou dizer, com aquela a casa pinhada de visitas, o jeito mesmo era continuar ralando a mandioca com a força dos braços, suando no baforão do fogão à lenha, porque a noite chega e há de se comer!

Após o jantar todos se aquietaram na sala, foi quando Dona Marinha começou então a contar aquele causo, vagarosamente, detalhe por detalhe, até disse que mostrava a casa de comadre Zefrina. Todos ouviram embasbacados e alguém até tentou fazer piadinhas a respeito. Mas as noites de quaresma e lua cheia naquelas bandas não falhavam. Deu a hora de dormir e moçoilada toda já caçou jeito de dividir cama, os rapazes já não queriam ir ao banheiro sozinhos. O tempo inteiro alguém se estremecia pensando ter ouvido barulho de mula manca, canto de gia na nascente. E todos, por uma noite que fosse, mergulharam no sertão que não saia nunca de Dona Marinha.

E naquela noite Dona Marinha dormiu profunda e serena, com a sensação de dever cumprido. Sonhou com o canto dos matos, sonhou com as sereias velhas dos rios, segurou os cabelos cinzas de comadre Zefrina, viu os anjos dançando todos nuinhos dentro das núvens. Ouviu o barulho do cachorrinho pintado que alegrava a sua infância, deu-lhe as mãos e atravessou o rio, as florestas, e os campos de algodão do cerrado. Saltitou por entre os verdes matagais que perfumavam as noites reluzidas de cristais que a enfeitavam de saudades . Depois sentiu o corpo molhando debaixo do orvalho sereno que devia ser as lágrimas da virgem Maria e estava tão feliz, que uma escuridão a invadiu por completo.

E naquela noite em que todos provaram dos mistérios do passado de dona marinha, é que ela suspirou. e nunca mais acordou

e enfim viveu para sempre nas noites do sertão...





-Para Dona Marilda, a contadora de causos!


(nika, sertaneja, louca e beat ;*)

25.3.09

Eros, dores e Isadorias



Ela chegou pisando a pés descalços a camursa anil macia, tinha os cabelos ruivos soltos num maleixo sensual raro, os lábios especialmente róseos, entreabertos e o corpo nu.A casa era estranha, silenciosa e desconhecida. Como eles teriam ido parar ali? Tudo era vago e não objetivo, como num sonho. Se era tarde, ou noite, eles não sabiam porque as janelas estavam cerradas. Ela era setentrional ou boreal ele não sabia, porque naqueles dias nada mais fazia sentido a não ser a vontade. Antes tudo era verborragia, raciocinio, mentira e palavreado, e agora que estavam nus, todos esses acessórios já não se recombinavam a fim de produzierem nenhum tipo de ordem lexical.
Ele a fitava de longe, em sua nudez pálida e já não procurava entendê-la. porque a verdade dela era uma asa de borboleta furta-cor, mudando a cada segundo. Ela por sua vez, já não tentava satisfazê-lo porque nos olhos dele havia uma sombra, que se aconchegava mais facilmente ao palácio da angústia. Havia naquele homem um prazer na insatisfação, um gozo em ser movido a dúvidas, e aquela mulher era puro mistério de bruxas, fantásmas, mares, ventanias, entidades e terreiros. Eles se imantavam num tropismo louco pelo sombrio, pelas coisas tristes e ocultas. e assim, nus, é que eles se sabiam por completo.

Ele engoliu-a com os olhos algumas vezes, tinha um cigarro na mão direita e um esquerdo pensamento: maldita! Ela se gracejava nua, se movia, e quase dançava em distraídos apelos femininos. Ele fitava ereto e praguejava numa prece aos avessos, num ritual de excitação a que ele se submetia. Maldita! Ela percebia tudo por detrás das pupilas cautas e sorria, movendo alguns poucos músculos da boca farta , invocava-o com os cílios e o possuia com seu olhar bruxo, e como era bruxo, bacante e malicioso e puro, sem querer. Porque eles sabiam bem que não há nada tão puro quanto um desejo selvagem cilindrando-se como uma gota de orvalho, aviltando-se perene, segundo após segundo, milimetricamente, para enfim explodir no ar.

Ele pousou os dedos naquela boca úmida de pintanga, e o seu sorriso mudava-se como um mosaico sensual de escamas de serpente. Ela molhou-lhe o dedo médio na saliva quente e fitava-lhe estranhamente os olhos enquanto cobria com a língua de rio, o dedo de terra e ferrugem daquele homem. Maldita! ele murmurava por dentro enquanto era tomado por uma fúria de macho que lhe agitava os músculos todos. Ele tomou-a forte pelos cabelos e engoliu os seus seios cáusticos no chão camúrseo do quarto frio. Ela se atrelava e se esforçava, mas deixava escapar uns soluços de de gozo contrito. E então ele possuiu aquela mulher que era toda uma ventania vindo de alguma núvem impetuosa, e ela conduzia atrevida, cavalgando a floresta mística e úmida dos corpos, oferecendo a sua noite triste de mulher para ser penetrada com força, por um cavaleiro tétrico em sua armadura de desejo.

A tempestade prosseguiu aos raios, relâmpagos e ventos impetuosos e sórdidos, atiçando a cavalaria dos espíritos, arrebatando tudo o que está passível de fazer sentido num ciclone não arrebatável, naquele quarto escuro, esconderijo das mentes sombrias e eles, suados e cúmplices e passivos do crime dos que se amam, gozaram com a cor sanguínea de todos os túmulos nos olhos

e depois que a claridade fúnebre do prazer invadiu o quarto eles estavam vivos de novo... homem e mulher.


(para Isa- que bem entende de amor, porque o amor é não entender)

16.3.09

Mas ainda é março


Eu sei, ainda é março!
Águas que rolam e bossas novas à parte, hoje minha homenagem é ao fogo de abril. Aliás, acho o outono a estação mais linda, romântica e vibrante. Outono é uma estação para quem ama um banco no meio do nada e um pouco de melancolia pra fazer a gente gostar dos fragmentos de lembranças. E é mágico como tudo acontece quando o verão se vai e o peito fica quieto.. O que será de nós em abril?
Um soneto e um cigarro, um casal de velhinhos sorri um sorriso doce e decente para quem ainda tem muito o que descobrir, e o vento, malandro e bonito como é, sai empurrando as folhas, recolhendo os planos secos e fatigados e o amarelo sol que se põe a incinerar em chama ardente tudo o que já devia ter passado até que o inverno chegue em dó maior e depois também adormeça no planeta que gira em torno de um astro amarelo e outonal. E na vida, tudo é mesmo circular, as estações, as paixões, os desejos. Tudo volta exatamente para os braços de onde nasceu. até as folhas um dia adormecem de novo aconchegadas ao seio misterioso da natureza.
Mas no peito uma pergunta ainda suspirava baixinho: o que será de nós em abril?
Na primavera é que as flores se abrem e fica um perfume e uma saudade. Pura saudade de abril. Na minha vida sempre foi assim, esse mês cerceando o limite onde nasce alguma nova e avassaladora paixão.
Mas a coisa toda começou antes mesmo da aurora de ontem, quando eu tentava dormir com essa minha mente que mais parece uma indústria de pensamentos sofisticados, vendidos a preço barato. O sol já queria se levantar e eu não conseguia sequer fechar os olhos! Não tinha porquês aquilo tudo, meu coração palpitava e as pupilas irrequietas rastejavam por um pouco de luz ou beleza em plena madrugada. E eu acabei sonhando sonhos de outros amantes, estive em outros corpos sentindo estranhos perfumes. Seriam essas as grutas outonais dos sonhos?
Não sei... sei que ontem eu quis ser mulher de novo, ser vermelha nos olhos, na boca, quis ser segurada firme por grossas mãos. Onde moram essas mãos além da luz rubra que penetra a paisagem amarela dos meus sonhos?
Ah como eu queria ser sensível de novo, ser pequena, ser bailarina e ser amada...
Por isso hoje fica aqui hoje um poema, um tango e um sopro do vento e neles o desejo de uma grande paixão. quem sabe os anjos dessa vez sintam piedade e recolham essa prece. Quem sabe eles enfim esqueçam meus pecados, esqueçam que amei demais sem ter musa nem amado!

quem sabe tudo mude no fogo transparente que dá na gente
no mês de abril!



acho digno!

(niks)

abril


Oh amor de noite castelhana

Do teu corpo no meu seio

Teus olhos no meu beijo

E os pés rasgando circunspectos

O chão lânguido de Habanera


E no céu a lua de penosos acasos

Gemia compassos de dois por quatro

E já cavalgavam mil cavalos

No íntimo de quem me queira


As mãos pousando a boca branda

E a boca mordendo árduos os receios

E os receios engolindo líquidos olhos

E os olhos sorvendo pérfidos desejos






E seguiu-se o baile do coração assassino

Piruetando sob o acaso desatino

Que já na amargura se reclina

Mas na candura se devaneia


Na lua espanhola a violeteira fina

Girou as mãos delgadas do fado

Recuou sôfrega , inclinou-se trépida

Se lançou cega e pouco mais partiu


Mas quando no peito se instalou o alvoroço

As mãos de março ganharam o meu pescoço

Meu regaço mole alcançou teu rosto

E o compasso de novo se abril

27.2.09

Tá sumido...


é.. tou sumido!






, como sempre depois dessas postagens caóticas, espremidas do ventre, coloco aqui um videozito para despistar a loucura! Essa vai para todas as travas que já sonharam em ser a bela Sarita Montiel com sua cigarrilha, borrifando nuvens com elegância e cantando com voz divina. Tou me sentindo aquelas radialistas noturnas agora haha meldels!
Buenas, queria aproveitar e parabenizar a pops pela vitória no vestibular da ufmg! Todos sabíamos que ela conseguiria e todas vibramos juntas! Eu particularmente jamais me esquecerei daquela cena da loira chorando no sofá, lamentando que não passaria. Naquele momento eu sabia que ia dar certo. E que lindo era o modo como ela chorava! Chorava como os vitoriosos que ainda não sabem. né loira?

Vou tocar no assunto (como era de se esperar da minha parte)

O sofá amarelo só mudou de lugar, mas não deixa de ser eterno. É bem assim, como o cruzeiro do sul! Esses dias eu descobri que o Brasil é o único país que se preocupa com a posição exata do cruzeiro do sul! Uau, cara! somos mesmo um país especial! Só um país de loucos hedonistas é capaz de parar uma semana em nome do carnaval e ficar perseguindo uma constelação pelo céu!

Sobre o beco, há um silêncio dolorido e ainda há uma ferida que não cala, mas ferida há em tudo que vale a pena! Também, quem disse que a estrada não haveria de ser cariada? Vou sentir falta de acordar e ter vocês, vou sentir falta de mil coisas que eu poderia usar mil páginas para citá-las, mas acontece que na vida as coisas boas têm mesmo de ser efêmeras, acho que aprendi isso. E além do mais, sabemos que não é nenhum fim, porra, que merda de fim. Odeio essa palavra maldita de 3 letras! As coisas mudaram de lugar, tudo muda de lugar para nascer de novo ,e nascer dói, minha avó já dizia.. Tudo que nasce se espreme e depois grita. Tudo mudou menos o que ficou igual!

enfim, a todos que vêm ao nosso cantinho, que bom revê-los, queridos e queridas do blog. Continuem se achegando no nosso sofá mítico, vamos hablar! Eu queria dizer cinicamente que amo vocês, adoro quando as coisas são ditas cinicamente, elas nos instigam a continuar! Estou quase crente de que os verdadeiros amores são os cínicos!

besitos amargurados, vacas!

fui ali ;*

O homem sem rosto

"

A menina viu de sobressalto no livro de gravuras um homem sem rosto na estação de trem. E naquele momento ela entendeu como funcionava toda a parafalhoca do universo:




E foi assim que ela aprendeu a amar as pessoas como uma desesperada, crente que os desesperados é que eram felizes, certa de que tudo que é vivo vai. Até o que não o é, as pedras se partem, as nuvens se desfazem qual renda de vestido de noiva, as noivas viram retratos na parede e depois viram histórias que alguém conta, e esse alguém também parte, e as pedras se repartem novamente e viram vulcões derretendo tudo ao redor, pergunte a alguém que viu da estrada, pergunte porra, as histórias não morrem. O amor não morre, as casas vão ao chão, os grilos cantam nos escombros, as folhas sorriem para a chuva. Você vê? Conta pra mim que eu também te conto! Abraça me, não deixa isso passar, não vê como os relógios também se liquefazem? Quisera eu bebê-los em uma taça agora! Não vê que os sofás mudam de cor e os cigarros queimam e jamais serão os mesmos de antes. Mas por favor, me diga que tu ficas para sempre... Fique meu amor, fica meu amigo, fica meu cão de olhar triste, fica mãezinha querida, terna e lactante. Não vá embora, não deixe o samba morrer, ainda há mais carnavais para uma mulata sambar com a flor nos cabelos, e os cabelos ao vento têm um cheiro bom que só os vagabundos de alma podem sentir. Fique coração palpitante, há uma luz no fim do beco. há um pobre homem esperando com um sorriso triste a sua hora da estrela, não muito longe daqui..

E ela sentiu tudo isso no seu corpo e no seu espirito e ESTREMECEU. Quase chorou, mas tinha aquela sensação estranha de torpor. Não queria mais fingir que não conseguia ouvir agora o barulho do trem partindo, o cheiro que isso tem. O Tum Tum Tum que isso dá, das rodas do trem girando, do universo girando, das rosas, das rodas vivas e dos universos circulares. Ela, pobrezinha tão pequena entendeu Platão, Sófocles, Demétrio e o caralho a quatro, entendeu bem o que todos diziam: Oh estavamos todos entorpecidos pela existência e a hora era agora de compartilhar a existência juntos. Viver como loucos e viver DEMASIADAMENTE, sorrindo ou chorando, Viva La vida! E a felicidade não era só uma palavra que ela havia lido num conto infantil. Não, a felicidade era muito mais, era um gás entorpecente e colorido que se difundia rapidamente e sumia. Tinha cor de pôr-do-sol a felicidade! Ela queria tomar um pouco disso nas narinas bem agora e sorrir, ela sentiu tudo isso ao mesmo tempo e numa fração de segundos. E ela sentiu que não havia segundos para segundas para lamentações. O tempo fazia um ângulo perfeito e circular. Ela ouviu de repente os sinos e sabia que não havia mais volta. E ela tocou tão rapidamente os cabelos da morte que seu corpo inteiro se resfriou num arrepio. Mas oh pequena, meu amor, minha princesa, não tenha medo que eu te dou a mão, vamos nos abraçar agora, não há tempo. O tempo passou correndo por aqui, saltou a minha janela, tropeçou.Você viu? O tempo passou gritando e uivando e gotejando bem acima dos nossos olhos. O tempo chorou e agonizou bem agora nos nossos ouvidos exatmente enquanto ela fitava no livro de gravuras um homem sendo deixado para trás na estação de trem. Era um homem sem rosto. Ela sentiu na hora exata em que via,a meninha. Tão pequena e sentiu como a mala fedia e cheirava mal. O tempo contava 5 e poucos anos e ela sabia que seus alvéolos suspiravam desesperados por algo muito maior que o ar.Oh linguagem estrelar e criptogafada que tem o tempo. Todos nascemos a fim de nunca compreendê-la.

E por isso hoje ela conta. ela me contou aqui no meu ouvido agora. Ela me pediu em segredo e não quer que isso vá. Ela disse: força lua, força céu, força mar e força ventania. Não deixe o tempo chorar agora. Veja como ele dança suave nas suas mãos. Não permita que ele se recoste numa caixa de madeira qualquer. Ela disse me baixinho, força Beta, força Alfa, força Gama e força Epilson. A dança do céu não pode parar. Senta aqui e vamos falar da vida, das histórias que recordamos, me dá um trago, e um copo, e um lenço para essas lágrimas que insistem em cair,de alegria ou de dor.Conta-me! Vamos entender todas as coisas e vamos viver certos de que a dor e a ferida nos levam para frente! Vamos cantar aquela velha canção juntas. Sim, ela toca misteriosamente em todos os bares do mundo, por isso, vamos viver certos de que bem e mal são palavras que se confudem e que não interessa muito no que você acredita, sempre existem mil lados e o que importa mesmo é contar uma história. Conta que eu te conto, mas não deixe isso passar!

Ela então sentiu dor, a dor se saber que não havia nada por fazer a aquele homem vivo, sem rosto. Ela sentiu o espirito encolher e desejou um abraço forte e eterno naquele momento e uma voz que dissesse: Eu te amo, menina, não importa nada agora, nada importa. Chora essas tuas lágrimas presas meu amor, deita comigo na rede e chora. Me beija, vamos viver como os desesperados, rastejando pela adorável luz. Vamos! Há outras redes, há um canto azul logo ali.Vem amor, olha pra mim agora, no fundo dos meus olhos, meus olhos são de nuvens, lago e fumaça. Veja, pequena, há um sol esperando louco para gritar mais uma vez pro mundo o grito mudo: vivam porra! Vivam como se fosse a última vez. Vivam como se essa ferida fosse estranha, vivam como se o trem fosse passar aqui em cinco minutos. Vivam como se fosse fosse a última chamada, o ultimo beco com luz pendendo sobre a mesa!

E depois que aquilo acabou, ela fechou o livro de gravuras sobre o peito, e o coração dela estava quente, cheio de descobertas.

E o homem sem rosto ficou para trás, no meio da multidão sem rosto. Mas ela viu, ela se lembra, e era como olhar as estrelas que jamais serão as mesmas, dançando.porque as estrelas também dançam e choram e depois se vão eternas no conto de alguém que conta, e nada passa,tudo fica para sempre, só o tempo, o tempo descarado é que some na estação de trem, o tempo vira as costas e some, sem pena, sem rosto...



-A um beco eterno de estrelas: Beta, Gama, Alfa e Epilson, que sabem bem e no fundo quem elas são porquê disso tudo, e estão agora, exatamente sobre a linha do horizonte do meu ainda belo horizonte....


Fiquem!





" Que tristes os caminhos se não fora a mágica presença das estrelas" - Quintana


beijos cósmicos


nika


25.2.09

Sobre uns, outros, você e eu


A gente se conhece. " E aí, tudo bom?". Clima meio sem graça porque assuntos ainda estão por vir...
Eu estarei disposta a falar sobre tudo, insisto em ser agradável, desde que você me cause uma boa impressão. Isso não é muito difícil pois um grande e amigável sorriso, uma aparência atenciosa e de bom humor já são características suficientes. Talvez eu precise de uma caipirinha se sobrar pra eu puxar o papo, talvez não. Mas eu prefiro que você comece.
Fale se curte um samba, se prefere o rock nacional dos anos 60 e 70, se a MPB te agrada. Mostre que você se prepara pro futuro mas vive intensamente o presente.Eu conto o que curso na faculdade e, certamente, ficarei muito atenta sobre sua opinião acerca disso. Me acostumei com incentivos, machismos, surpresa e adorações. O que você acha é muito importante.
Demonstre que você pensa por si só, que você gosta do alternativo. Seja alternativo. Fique à vontade pra acender um cigarro, acenda o seu bazeado. Não me importo, de verdade. Beba sua cerveja e eu estarei com uma caipirinha. Seja irônico, faça graça, aparente animação. Me convide pra um samba, pra um bar, pra uma boate ou qualquer lugar que lhe convenha. Eu me animo muito facilmente.
Beba o suficiente pra ficar alegre, não dê vexame. Jamais ouse fingir que está bêbado, é deprimente. Não compre brigas. Não conte vantagem. Seja marrento pois, acredite, eu adoro. Não diga coisas pra tentar me impressionar.Seja humilde.Saiba discordar. Saiba retrucar. E ainda, saiba endossar. Mostre o 'poder' de suas amizades por não se envolver com gente inútil, fútil, popularmente conhecida. Não tenha inimigos.
Me agradaria muito se, em apenas um papo casual desses, eu descobrir que suas ações são espontâneamente naturais. Cante e dance. Grite e fale palavrões. Dê risadas.Fale.
Livros. Arte. Beatles. Bezerra da Silva. Cinema. Raul. Cozinha. Esporte. Churrasco. Lual. Gaita. Violão.Jorge Ben Jor. Rita Lee. Escrever. Paquerar. Desafios. Buraco. Dormir. Mensagens. Seu Jorge. Dilan (cachorro). Desenhos.Baiano e Novos Caetanos. Roupas. Amor. Bebidas. Cazuza. Acidentes.Secos e Molhados. Tatuagens. Drogas. Estrangeiros.Marisa Monte. Estrela. Sofá. Piaf. Internet. Férias. Faculdade. Abraço. Cassia Eller. Loucuras. Sexo. Amigos. Família. Datas. Seu Jorge. Aniversários. Atitudes. Fantasias. Manias. Vícios. Os mutantes. Nomes. Perfume. Medo. Frustração. Signos. Homens. Mulheres. Você. Eu.
Se o assunto render é porque temos algo em comum, não é mesmo ? As horas passam, a gente curte o som, ri das pessoas, conversa, bebe. Não é regra rolar um beijo porque talvez a gente tá nessa vida pra ser amigo. Desse jeito, vamos nos ver mais vezes, com certeza! Então deixa rolar...Você pega meu telefone. E eu esperarei por uma ligação.
Hora de ir embora. A gente se despede como acharmos melhor. " Até mais, prazer. Vamos combinar de sair mais vezes."
by POPS

16.2.09

Tenho andado por aí...


Tenho visto por aí, amores doentios que se enganam, dominam e destroem. Paixões de ilusão, de possessividade, de falta de inteligência.

Tenho duvidado se é melhor sofrer por amor ou sofrer por não amar. O coração contrariado expulsa da sua vida seu trabalho, planos e objetivos inundando o espaço da sua mente.

Tenho contrariado o cego amor, pois foi através do olhar que me apaixonei.

Tenho me impressionado com a sutil distância entre o amor e o ódio, separados pela ponte da inteligência.

Tenho interpretado as poesias para poder entender os corações, tentar desvendar onde aquele poeta estava no momento em que escreveu, tentando imaginar qual o sentimento que sentia. Se escrevia pra si mesmo ou pra aliviar os outros.

Tenho me perguntado se é a mente que controla o coração ou coração que controla a mente.

Tenho andado por aí com a impressão de estar sempre prestes a virar uma esquina... nunca sei qual paisagem me reserva...

Misha

15.2.09

Ouro de tolo


"Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado..."

25.1.09

Protesto


Eu vim aqui pra revelar pra vocês a minha revolta contra uma atriz -que escola Vera Fisher fez?- esticada, que voltou depois de ficar pendurada no varal dos fundos da casa dela durante um século e resurge do nada para a televisão, numa novela da Globo, no horário nobre. Pelo amor de Deus, ela mal consegue falar! Não tem nem bochecha pra sorrir! A voz parece de um menino de 13 anos de tantos falsetes que comete! Me parece que a Globo trocou o horário das novelas pela sessão da tarde. Só passa Jurassic Park!

Como eu fiz a mesma escola de interpretação que ela, eu estou dando minha visão como telespectadora. Chego a sentir falta de ar quando assisto. Tudo bem, existem ninfetas que também são péssimas interpretando, mas elas ainda têm muito tempo pra aprender.

E sim, eu sou uma formiguinha perto dos elefantes; por isso, não vou lutar contra a maré. Já me afoguei nela.


Misha

21.1.09

Conselhos do demo 478

Para Nicérgica


Boa noite, mocinha triste, posso ajudar?

Algo me diz que você precisa urgentemente, desesperadamente mudar.
Não, você não é uma lagarta num casulo cheio de baba, nem uma metamorfose ambulante personificada, tipo bicho grilo dando paz e amor. é pior, bem pior! você é a dor de ser isso que é, sem início e sem fim, sem filhos, sem religião, sem planos.

Todo mundo nessa vida tem um plano, e você não é mais uma adolescente que um dia vai se acomodar como uma placa tectônica exausta. Você é um vulcão de idéias erradas. Quais os seus planos, pensa querida, quais os seus planos? Você não sabe responder porque acha que tudo vai acabar em lodo e merda. Você já sente o cheiro não é mesmo? Você não sabe responder porque conhece a linha da dor riscada na palma da tua mão. Um dia quando você era criança você ouviu bem alto a voz do destino, e ele falava a mesma língua que a tua. O nome dele era como ir num supermercado, se chamava "escolhas". você pôde compreender mas não deu bola, continuou comprando as coisas azuis, brilhantes, caras e inúteis. Quando você era criança você já era velha e tinha vivido tanto que já tinha se esquecido qual era a cor da face de deus. Consegue se lembrar?

E não é só o seu cabelo da década passada, nem esse seu jeito estúpido de sorrir. Não é só o seu jeito tímido e desengonçado de conversar besteiras com os rapazes, e sentir o coração queimando de vontade de dizer milhares de outras coisas, de dizer que tava apaixonada por cada um deles agora a pouco e vai passar, e que na verdade não estava tentando ser gente boa com ninguém. mas o que você queria era dormir de pernas entrelaçadas com todos eles. um de cada vez? Não! todos ao mesmo tempo. Que se foda a moral. é isso que você aprendeu nos livros de filosofia, não é mesmo?

Acorda mocinha do allstar vermelho! Você precisa mudar o seu estilo de respirar, mudar esse seu jeito nonsense de falar, precisa organizar idéias, elaborar propostas, dar sequência aos postulados. É preciso que você entenda os mecanismos da fala e consiga tocar a matéria de que são feitos os pensamentos. é preciso urgentemente que você entenda os elétrons de uma forma que não tenha visto num livro de desenhos, é preciso que você compreenda que nem tudo que te contaram sobre as coisas da vida era verdade. é preciso que entenda isso e mesmo assim continue a caminhar longas distâncias, contar outras grandes mentiras. Ouvir múicas que tocam só na tua mente dentro do metrô, e ver as pessoas se movendo estranhamente, como se elas fossem outros planetas girando perfeitamente diante de ti. Engana-te se pensas que a a vida é um filme do woody allen, visto em câmera lenta. Engana-te de novo se pensas que és tu a dona do papel pricipal.
Precisa se esforçar muito, criança, ler mais, falar mais a verdade, precisa aprender música, física quântica, físico-química,citologia básica, entender o inconsciente e o humor inteligente. é preciso que você trate os cadáveres como seres de borracha, você precisa ficar sentada olhando pro céu até que aprenda a transcrever sem erros a linguagem das estrelas. Oh menininha, olha pra você, você parece um objeto artesanal da década passada sem valor, o que você precisa é beber um líquido fós-forescente que vai te fazer sentir a sua boca derretendo, o liquido é facil e se chama mudança.

Não é só a cor dessa tua blusa cinza e desbotada que te torna medíocre, nem as olheiras que acabaram de nascer nos seus olhos, nem as marcas de todas as lágrimas que chorou, nem os muitos sulcos das tuas mãos tristes. Não é só esse azar pairando sobre você que me parece uma nuvem cheia de poros, viva, maligna e que nunca chove. É uma questão de brotar novamente, de algum plâncton em algum outro planeta. é uma questão de não mais querer enxergar as coisas que existiam no útero, quando você era um feto de olhos abertos, chupando picolé de líquido amniótico. Repito: a culpa não é da sua infância que te tomava o tempo inteiro o teu mais precioso tesouro e te devolvia de volta, nem daquele vulto escroto, sentado numa cama redonda que só você viu. é preciso que se esqueça de todas essas histórias e nasça em algum outro lugar, é preciso que saia de dentro de um ovo silencioso e nunca mais ouça os mil barulhos de todas as coisas que se movem, de todos os insetos que choram e de todos as pedras que esperam.

É preciso que mude, e que durma agora. é preciso que sonhe enquanto dorme e depois acorde para um lago plácido, cercado de aromas de matas verdes. É preciso que enxugue o sangue do teu quarto, que costure a alça do teu vestido e maqueie diante do espelho as cicatrizes. Isso mocinha, mais pó em cima do seu passado, mais batom na sua boca suja, sua mãe está certa, você é muito boca suja, é preciso mais verdade no seu sorriso é e mais vida nesses olhos puxados e cansados.

Oh não chora, meu bem. Moça feia não chora! Para com isso! enxuga essas lágrimas , não venha me bancar a vítima esquecida. Você sabe bem do que precisa. Abra uma caixa, na última gaveta dos teus sonhos e pegue um frasco pequeno, escrito "amor" em vermelho e em negrito, pegue com cuidado. Está certa de que é disso que precisa?. Não diga essas coisas meu bem, não me diga que não é digna ou que não acredita nos efeitos do amor.

Tome duas gotas hoje, e quatro amanhã. Tome aos poucos mas não se esqueça de tomar até o sempre. Isso evita que te esqueças de ti mesma como tens feito, isso evita que a vida lhe pareça um barco onde tu remas sozinha e perdida. Oh por favor, não se esqueça, querida, não se esqueça de dormir primeiro para aprender de uma vez por todas a sonhar com os olhos bem fechados. Não se esqueça de se esquecer rápido de tudo, seus velhos amores, suas velhas derrotas, seus velhos compromissos, suas velhas conquistas. Não se esqueça de esquecer o tempo. Não se esqueça de mudar tudo, até um dia acordar bege, suando assustada de baixo de um edredon numa nova dimensão e lembrar o que nunca esqueceu:

ainda era você...


(nika)

15.1.09

They tried to make her go to rehab, she said, "No, no, no"


Esse post veio por dois motivos:
1 - é uma homenagem a minha amiga mais subversiva, a Nika, e
2 - é o meu grande FODA-SE pra todas as pessoas que, de algum modo, tentam cercear a nossa liberdade.
Saiba, querida macaca, que ditadura não leva a nada! Só torna a oposição mais inteligente, ela aprende a te dobrar.
Saiba, querido origami, que "Cálice" não vai funcionar, porque nós somos livres onde você não consegue perceber liberdade.
Ah, como você, dona macaca, é presa na sua unha de poder. Mas essa unha só arranha e não dilacera.

Sai, macaca. A Nika jamais irá pro Rehab.

Nota: macaca não é um apelido racista, é o nome que demos pra entidade que acorda com a macaca e acaba com a paciência dos outros. Quem quer que seja.

By Polly.

14.1.09

Discordo de Chaplin


Discordo de Chaplin.
Vez ou outra meus desenhos saem do papel.
A montanha, o mar e gaivotas desenhados na minha infância massageiam a minha vista. Eu me dôo ao mar imenso e posso escolher se ele deve ser azul ou verde dependendo para que lado eu olhe. Ele me toma. Leva a energia ruim.
O vento toca meus cabelos e a areia faz carícias no meu corpo. Tão leve e sutil.
O sol inunda a minha pele.
A música que afasta os sofás da sala afasta o pessimismo.
A arte, as cores do quadro, mostram a cores que a vida tem.
Ah... o abraço, dependente de dois corpos faz o prazer dobrar.
Rir traz um prazer inenarrável e não necessita da cópula pra acontecer.
A vida não deveria terminar em um orgasmo. Mas, ter esse nome.

Misha

7.1.09

E só por causa desse post escroto e chatíssimo abaixo eu vou postar um vídeo, o primeiro do blog ( agora que aprendi postar vídeos cof cof ahaha, que imbecil)

No regrets!

E antes que me perguntem, sim. eu estou bem e viva.



;*

A Última Vez

Esta é a última vez que lhe escrevo. Creio que não entenderás essas minhas palavras rudes e sonâmbulas, pois nenhum ser que caminhe por esse mundo consegue compreender o que sinto agora, a menos que tenha se deixado nortear ao menos uma vez pelos laços aleives do amor. Você pode me ouvir?

Quando você me deixou eu te esperei por noites, horas, segundos. Eu engoli e vomitei as certezas de que tudo estava perdido. Eu passei noites pasma, em claro, e nas tardes quentes feito um cadáver repleto de moscas. Eu sonhei contigo meu bem e você nem viu. No sonho você chegava como um anjo e beijava sedento a minha boca, depois tomava o meu corpo com toda a sua virilidade de macho e me fodia, até que o universo inteiro se explicasse para nós, e meu coração batia louco, disparado, transbordando até o topo. Mas uma voz familiar e tenebrosa ecoou no espaço,eu não pude de imediato compreender : você era eu , estava morto e teria sumido pra sempre num disco voador. E foi assim e por causa desse prelúdio estranho que te amei como uma lunática, psicótica, demente e infeliz. Eu te amei sozinha, sob os meus joelhos, no escuro do meu quarto e ninguém viu. Te amei certa de que te tomariam de mim e o remédio pro meu medo era a tua saliva. Sob os efeitos lisérgicos dela, eu me tornava exuberante, completa, magna, cantarolava sinfonias nas paisagens outonais dos meus delírios e neles caminhavamos lado a lado de mãos dadas. Sim meu anjo, eu podia ver no fundo dos teus olhos o cheiro do infinito e o brilho furta-cor de todas as estrelas e meu bem! Por mil demônios eu enxerguei a eternidade escorrendo gelada e cristalina bem na palma das minhas mãos. Teu sêmem era meu néctar e almíscara doce era o teu suor, porque tu entorpecias os meus sentidos todos e por alguma razão eu assim o queria...

Um dia uma chuva forte caiu e rapidamente se foi. Era uma chuva sem motivos e a voz veio novamente, misteriosa e fria me anunciar algo, dessa vez era o fim. O fim sem razões e sem porquês, simplesmente o fim. Um acorde tocou, eram as trombetas do céu ou os estribilhos do inferno, ainda hoje não sei... Eu senti o sol clareando meus olhos, a realidade explodiu esmagando o sonho. Alguém chorou e outro alguém ao mesmo tempo sorriu, e o sorriso não era o meu. Eu bebi da última gota do desejo e no fundo da taça eu vi 70 verdades, que por 70 dias me confundiram e escarneceram da minha alma perturbada, solta e delirante num abismo. Numa montanha eu vi você preso, infeliz, débil. Numa gruta eu te vi imundo, endemoniado assassino. Num carro roubado eu te vi ejaculando em cima das minhas lágrimas. Num beco escuro eu te vi em perigo e tinha uma ferida que nunca curava. E em todas as verdades eu queria ser seu arco-iris, sua fada madrinha e seu amor. E foi assim, tentando te entender que quando notei eu já tinha bebido da porção maligna do amor, a garrafa inteirinha e jazia entregue, cega, caminhando errante no escuro, certa de que já não era eu a dona da minha felicidade e do meu ar.

Vem me buscar, porra vem me buscar! Eu te esperei como quem jura promessas ao demônio e logo em seguida se ajoelha arrependida e chorosa aos pés de deus. Esperei a ti feito uma amante frívola que espera a anunciação da morte do seu soldado, certa de ter sido trocada por uma guerra qualquer. Eu te esperei como uma puta triste, um cão que uiva mil e uma noites clamando pela misericórdia do seu dono. Eu te esperei mumificada, frígida, seca, infeliz e embalsamada eternamente pelos condimentos peçonhentos da paixão. Eu fui a bruxa envenenada, agonizando selvagem pelas florestas, pedindo a ti ou a morte, a ti ou a morte! E foi caída no chão do meu quarto que eu enfim enxeguei uma das 70 verdades, a mais pura delas : Estavam os teus olhos tristes e cansados a me fitar, soletrando numa língua estranha que eu custei a entender “ eu não te amo mais”. E logo depois eu vi tuas pernas, essas pernas que eram minhas, entrelaçadas em outras pernas e no teu peito não havia pena ou dor e nem ódio! Quem dera eu ser digna ao menos do teu ódio! Quando enxerguei a última das verdades eu estive no inferno te arrastando pelos seus cabelos de anjo e quebrando garrafas nas fêmeas miseráveis que beijavam essa tua boca que tu juravas que era só minha. Eu te amei obsessivamente, com toda a fragilidade senil da minha alma de mulher, te amei sedenta e com os olhos vermelhos, sangrando e gritando certa de que o amor é triste e cruel. Eu quis te ver morto, humilhado e esquartejado em todos os postes das ruas da minha desilusão.

Eu tive febre, delirei e acordei chorando, meu bem e você nem ouviu. e no meu sonho você era um demo que saltou a minha janela e eu tava te esperando verde, quente, preparando para o meu corpo uma loção de folhas e os aromas pra ti. Eu era puro néctar de flor silvestre, rara e só tu podias tocar. Eu senti tua boca passeando no meu corpo e sua mão tocando o meu ventre, tu estavas úmido, latente, lindo e erguido. E você era meu menino e eu era sua menina. Presa nos arames do teu amor, vítima passiva que deseja ter o coração sangrando e eu queria o seu punhal cravado nele, o seu punhal e o de mais ninguém. E tive.

E hoje, meu amor, é com muita dor que arranco esse punhal que me cega e me atormenta e juro, pela minha alma e pelo meu sangue : acabou!. Agora que sinto que acordo de um delírio, me levanto fraca e consciente, eu escolho a vida, em vez desse amor que me cheira a morte. Acabou. Vá embora, meu bem.Foi a última vez.

Você pode me ouvir?

E no fim da ultima das verdades, você foi embora, fardado de mentiras, idêntico, simplório, como uma multidão de soldados caminhando vendado para uma indústria de corações vazios. E tu tinhas um sorriso safado e triste de quem não consegue saborear das coisas sublimes. E o teu mistério enfim eu consegui desvendar!

Desejo a ti, meu pobre anjo, que ao menos um dia, nem que seja num sonho, tu mergulhes profundamente nas águas límpidas e cristalinas do amor. E que sondes o espaço. Encontre todas as nuvens dentro de ti e sinta o coração bater vivo, louco e sanguíneo. Porque no fim das contas só quem ama é que possui o mundo. Você pode me ouvir?

Sei que não mais... Adeus!

Feliz Ano Nove






Ué gente, sem querer broxar com o ano novo de vocês, mas tá! o ano mudou e você mudou?
mudou o caralho! rs
Pois é.. festas e bebedeiras e rituais à parte, eu tenho cá comigo que ano novo acaba sendo como aquela música do pinquefloide

"Year after year,
Running over the same old ground.
What have you found?
The same old fears"

e tenho dito...
E que 2009 esteja repleto de mudanças e descobertas para todos nós, apesar dos velhos medos e do velho chão batido em que pisamos. Mas quem sabe com a entrada de júpiter no cosmo interlunático de saturno as coisas se resolvam para todos nós? E que todos possamos ter algo além de felicidade, amor, saúde, algo muito superior a isso: grana. Yeah, que possamos ter grana!
Ah porra, só pra variar deixa eu viver meu momento futilidade! rs

Que saudade das putas do beco¬¬. Sério! Esse ano eu vou comer todas elas. Essas wadeeas que somem!
*biquinho blase pra vocês*

fui-me



(nika)