16.3.09

abril


Oh amor de noite castelhana

Do teu corpo no meu seio

Teus olhos no meu beijo

E os pés rasgando circunspectos

O chão lânguido de Habanera


E no céu a lua de penosos acasos

Gemia compassos de dois por quatro

E já cavalgavam mil cavalos

No íntimo de quem me queira


As mãos pousando a boca branda

E a boca mordendo árduos os receios

E os receios engolindo líquidos olhos

E os olhos sorvendo pérfidos desejos






E seguiu-se o baile do coração assassino

Piruetando sob o acaso desatino

Que já na amargura se reclina

Mas na candura se devaneia


Na lua espanhola a violeteira fina

Girou as mãos delgadas do fado

Recuou sôfrega , inclinou-se trépida

Se lançou cega e pouco mais partiu


Mas quando no peito se instalou o alvoroço

As mãos de março ganharam o meu pescoço

Meu regaço mole alcançou teu rosto

E o compasso de novo se abril

Nenhum comentário: