Oh amor de noite castelhana
Do teu corpo no meu seio
Teus olhos no meu beijo
E os pés rasgando circunspectos
O chão lânguido de Habanera
E no céu a lua de penosos acasos
Gemia compassos de dois por quatro
E já cavalgavam mil cavalos
No íntimo de quem me queira
As mãos pousando a boca branda
E a boca mordendo árduos os receios
E os receios engolindo líquidos olhos
E os olhos sorvendo pérfidos desejos
E seguiu-se o baile do coração assassino
Piruetando sob o acaso desatino
Que já na amargura se reclina
Mas na candura se devaneia
Na lua espanhola a violeteira fina
Girou as mãos delgadas do fado
Recuou sôfrega , inclinou-se trépida
Se lançou cega e pouco mais partiu
Mas quando no peito se instalou o alvoroço
As mãos de março ganharam o meu pescoço
Meu regaço mole alcançou teu rosto
E o compasso de novo se abril
Nenhum comentário:
Postar um comentário