26.5.09

"Compro, tenho, logo existo."

Segundo a “teoria do valor-trabalho” descrita em “O CAPITAL”, pelo filósofo Karl Marx, toda e qualquer mercadoria é trocada em proporção ao tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção.

À época, Marx, um dos principais pensadores representantes do século XIX, defendia que o produto do trabalho deve, antes de tudo, responder a algumas necessidades humanas, ou seja, ser útil. Marx chamava-o de valor de uso.

Contrária a esta concepção, Adam Smith, defendia a teoria de que as mercadorias não apenas possuem seu valor de uso, mas também um valor de troca, o qual se assenta na importância atribuída a elas.

Na sociedade contemporânea, a qual estamos inseridos, parece haver um predomínio do segundo valor.

“Compro, logo existo”. Esta parece ser a condição essencial para a lei da sobrevivência. Usar uma calça de marca ou o tênis da moda virou sinônimo de identidade pessoal. O sujeito sente-se engrandecido, inserido na sociedade, fazendo parte de um mundo, onde as pessoas não querem apenas o necessário. Gostam de ostentar o supérfluo.

A publicidade veio ajudar o supérfluo a se impor como necessário. Fala-se de uma obsolescência planejada, segundo a qual, o processo de se tornar obsoleto de um produto é planejado desde a sua concepção, gerando no consumidor, a necessidade de se adquirir um novo produto.

Um produto cria a ilusória e errônea sensação de que, graças a ele, temos mais valor aos olhos alheios. A relação pessoa-mercadoria está invertida; mercadoria-pessoa é o que prevalece agora.

Estamos sendo monitorados pela lei da lógica do consumo. Não mais importa o Ser e sim o Ter. Ter um BMW, uma camisa ou um relógio de marca, é o que nos imprimem valor.

É sob tal condição, que Frei Betto, frade dominicano considerado um dos principais expoentes da Teologia da Libertação, critica a “religião do consumo”. Segundo o sacerdote, o consumismo é a doença da baixa auto-estima, e o pecado original dessa nova “religião” é que, é egoísta; não faz da vida um dom, mas posse.

A tese não carece de lógica. Apenas é uma questão de saber discernir o útil do não-útil e o necessário do não-necessário.

By Misha

2 comentários:

dhereid disse...

algo tao facil de se entender, mas tao dificil de se por em pratica.
e quanto a vc? :)
abs.

Marias Salinas disse...

Eu? Toda vez em que olho pra alguma coisa e me vem aquele sentimento de posse, eu paro e penso: supérfluo ou necessário?

Tem dado certo!

Uma dica: se você gostar de alguma coisa e ficar na dúvida se compra ou não, peça para o vendedor reservar pra você "até amanhã". Se amanhã você ainda estiver pensando em comprar...Volte para a loja! rs