21.11.08

Memórias parte I



"Que bonita aquela noite
onde vênus estava inundada de água e sal
e todas as estrelas cantavam trovões baixos
numa aurea acúsitica insana
o céu vermelho-sangue
e o gosto amarelo da tua boca
procurando a minha de madrugada
o teu cabelo cheirava ventania
e teus olhos tinham cores minúsculas
cores de outono e doces faíscas
e eu te amava, meu nêgo
era sua... em cada mágoa
em cada lágrima e em cada célula
em cada sonho de cada peixe
e em cada estrada verde"


Olha eu postando de novo! Esse post é puro desabafo... É uma ferida dessas que acordam sangrando sem explicações numa sexta de manhã...Só quem já amou algum dia sabe como é uma porcaria acordar obsecada com a falta de um amor antigo, ou com a falta de aventuras amorosas na vida, e ir tocando a costura pra frente, remendando retalhos numa colcha que não acaba nunca... memórias, apenas descosturadas e opacas memórias.
E ontem eu descobri que estou virando uma velha, uma tiazona sem um pingo de tesão pra nada que não seja trabalhos da facul e essas obrigações chatísimas.
Eu me lembro e não faz muito tempo... ah como eu me lembro e dou um nó no crochê dos meus sonhos para contar que eu já tive um amor, desses eternos que duram apenas alguns meses... Desses amores de novela que nos deixam feridas com belas cicatrizes das quais não queremos facilmente nos livrar.
Eu, do meu posto de aposentada estudante à espera de um principe encantado que venha de qualquer lugar, poderia até ser num cavalo branco virtual, fico me perguntando onde está esse tal de amor, sentimento grandioso que evita com que você passe incólume pela vida. Onde anda o amor que Drummond me prometeu, que Quintana sentiu e me fez sorrir com a possibilidade de um sentimento que supere todas as incertezas desse universo maluco.Não teria o amor de ser a melhor de todas as mentiras. Onde está a minha mentira? Eu quero acreditar nela novamente, e ter o oceano inteiro dentro dos olhos e até mágoas e saudades dentro do peito... Eu quero um amor, deitado numa rede... Um homem que me tome pelas pernas e seios sem me fazer perguntas. Ah estou tão idosa e assexuada que soa estranho dizer todas essas coisas e elas não deixarem de parecer um pecado de alguma forma. Porque parece que dentre todas as almas simplórias e sofisticadas deste mundo, é só a mim que o amor é proibido.... E o pior de tudo isso é que como uma chuva fina que vai molhando uma fogueira, a cada dia que passa eu estou mais resignada, me apegando trêmula a fragmentos de um passado o qual eu já nem sei o teor de verdade e ilusão contidos nele... É que a memória vai lustrando o meu vazio de alguma forma, confortando meu peito de um presente sem sentido... é que eu sempre tenho a amarga visão de que o tempo anda perdendo a fragância... Alguém disse: hoje em dia é assim e assado, mas nada me tira a idéia de que o amor é algo intocado e sagrado demais, para que eu toque com essas minhas mãos incrédulas e acerbas...
Enquanto isso, eu me deito no sofá amarelo da varanda e fico procurando as estrelas numa noite de chuva, primeiro desapareceram elas, depois quem sumiu foi a lua...
e o amor fica assim proibido e inatingível, num plano astral distante...
É que as estrelas não deixam de ser, de alguma forma, o puro brilho do que já ficou no passado....
Estrelas são memórias, apenas doces e cintilantes memórias afogadas num passado... Porque o passado não conhece o seu lugar: o passado está sempre presente.

by nika


9 comentários:

Jay disse...

creio nesse momento que amor é a palavra inventada para ferrar com nossas vidas.

bem vinda minhas amigas, novas e já conhecidas.
em breve poderemos tomar cerveja juntas.

Anônimo disse...

Continue acreditando no amor... Mas saiba que ele foi inventado pelo romantismo e apeerfeiçoado pelo vídeo...Mas nem por isso podemos deixar de acreditar neste sentimento... O problema de tudo é que agente perde a pureza e deixa de acreditar... Passa a querer só dinheiro, um carro um notebook e passar num concurso...E se esquece de uma casinha de sapê...

Anônimo disse...

Ví além de palavras, e sim um espelho que projetava a minha imagem e semelhança...
Me sinto muito mais que uma tiazona; sinto é o tempo passar... E parece que não vai chegar o meu tempo... Mas, paro e lembro que existe "Eclesiastes"...
me lembro também, uma do meu eterno e talvez unico amor... Renato Russo... "Quem inventou o amor...Me explica por favor...
Quando a vida vai e vem,
Você procura achar alguém,
Que um dia possa lhe dizer quero ficar só com você..."

Marias Salinas disse...

Somo todos objetos. E ele, o amor, o sujeito.

Só não sentiu dor quem nunca amou.

Misha

Anônimo disse...

meu mal é acreditar nessa porra de amor. kkkk

brigada pelos comentários meninas. acordei daquele jeito hoje, peitos inchados e tal. talvez a explicação de tudo seja simples e hormonal. amanhã é dia!

;*

Michelle disse...

Vejo link do seu blog no da Jana. Entro e me deparo com esse post que descreve exatamente como eu acordei me sentindo nessa sexta-feira tão esquisita.

Gostei daqui.

Anônimo disse...

quando eu li sobre os amores eternos que duram alguns meses, lembrei de uma frase que eu disse uma vez pra uma amiga.
não lembro as palavras como eu falei aquele dia, mas a idéia é a de que vc pode passar por vários amores na sua vida, e muitos deles serem eternos. o amor é eterno, se vivendo-o vc passou por uma vida inteira.
tem pessoas que nos fazem sentir assim. apesar de brigas e momentos ruins, vc passou por uma vida inteira, afinal.
o amor é surpreendente.

e vc não é uma tiazona. é um momento de falta.
é um clichê, mas de fato o amor aparece quando a gente menos espera e quando estamos cansadas de procurar. ele vem, e toma a gente nos braços. e assim começa uma nova vida inteira.

Marias Salinas disse...

Querida Michelle

Que bom que gostou! Sinta-se em casa gata, se jogue no sofá amarelo com a gente, vamos contar ainda muitos "causos" e queremos mesmo te ver sempre por aqui no beco das bêbadas.

beijoka! ;*

Michelle disse...

Obrigada...e pode ter certeza que sempre estarei por aqui. :)

Beijos